24.2.13

existe uma minúscula gota que rasga a transparência. em vidro filtro-me, existe chuva. percorro a escrita de perfeito. percorro-a. a ponta da língua sorve o conceito, e o que é ele afinal? um toque um grão de água (na minha testa corre). como posso aspirar respirar um definido dois pontos isto. ? . eu contenho e absorvo em mim o ser orvalho pré-caído no abismo. eu lavo a pele a beber o raspar marinho de lágrimas. como posso eu agarrá-lo numa concisa tipografia de ser tinta? como poderia desconstruí-lo tapando a embalagem na secção dos congelados? violá-lo é torná-lo Não.

a perfeição não existe e existir também não tão-pouco não ou tão ou pouco existe. que é inexactamente o mesmo que existir. indefinido indefine o indefinível. 

uma minúscula gota continuará a rasgar a transparência se eu esquecer o conceito de gota e apagar toda a palavra transparência (diz-me que não. tudo pode ser. tudo pode não ser. diz-me que sim)

e. ela. dentro. ela a existir em dentro si mesma as cores de um outro universo que existe em mim que absorvo o paladar inócuo de mundos num toque de língua a sorver muito menos mais que o conceito. e a perfeição existe e existir também tão-quanto a sua inexistência é realmente irreal. e o definido é a heresia de definir a utopia. que contém e corrige a harmonia. que é a maior das entropias. e que nada do que escrevi seja alguma vez verdadeiro ou falso.

no vidro colado à gota. vês?