18.10.12

deixa que eu flua

Derreto-me continuamente, pois claro, deixo que este subatómico eu se assuma e liberto-me, escapo-me das paredes que não possuo, que deixei de possuir, repentinamente - sem que desse conta de tal.
E sou livre de uma vez, vou alternando entre os estados físicos que me convêm mais ao momento, sou livre e consigo respirar embora todos os odores e vapores se tenham já consumido (e assim sendo já nada tenho para inspirar, já nenhuma realidade me cativa e interessa, toda a fusão entre o eu e o tu se desvaneceu).
E nesta prisão redonda a que uns chamam de planeta Terra, outros apenas crânio, cérebro, mente, alma, razão, nestes conceitos supérfluos, ideias já muito pré-concebidas da realidade, de uma qualquer realidade, entorpeço-me, caio, pereço sem que morra de facto. Até que um dia, por explodir todo o meu ser, toda a minha consciência, por todas as partículas que sou se tornarem uma, por libertar toda a energia trivial que guado estupidamente, bem contida e encafuada nos recônditos da minha pessoa, olho para cima e finalmente vejo - não com os olhos mas com a minha profunda e confusa existência.